Não pensem que pensei quem
iam pensar, “ah, agora sim alguém sabe o problema da escola!” Há muitos
motivos, só vou falar o que penso como professor.
Imagine o seguinte
absurdo: uma mãe deixa seus dois filhos na pizzaria e diz para comerem bem
porque em duas horas ela voltaria para pegá-los. Os filhos entram, sentam e são
prontamente atendidos pelo garçom com pizzas saborosas e quentinhas
- E aí gente, pizza de isso, aquilo ou aquilo
outro? Qual vai ser?
- Nenhuma, valeu.
- Então algum sabor em
especial?
- Não, não, brigado,
vamos só esperar nossa mãe.
Então fica a situação
chata: o pizzaiolo não para de fazer pizzas, o garçom não para de acumulá-las
no balcão e os pivetes não comem nada porque vieram sem fome. As duas horas se
vão, a mãe dos piás volta, eles entram no carro e ela pede
- E como foi? Comeram
bem? Estavam boas as pizzas?
Eles resmungam
- Ah não, o garçom foi
um pé no saco, mãe...nem quis comer nada!
- Uii, odeio a pizzaria!
No dia seguinte, a mãe
daqueles meninos, muito revoltada, volta à pizzaria para falar com o gerente.
- Você sabia que seu
garçom é um ‘pé no saco’?, e que por culpa dele meus filhos não quiseram comer
nada ontem à noite quando estiveram aqui gastando o MEU DINHEIRO, aliás, MUITO
DELE? Um deles até me disse que odeia a pizzaria!!
O gerente todo sem graça
responde
- Meu deus? É verdade?
Vou agora mesmo chamá-lo e vamos ter uma conversinha!
O garçom entra e é
imediatamente encarado pela mãe raivosa e pelo gerente que diz, “sente-se, por
favor.”
- Pois não, por que fui
chamado?
O gerente começa
- Você sabe quem é esta
mulher?
- Não, por quê?
A mulher dá uma
risadinha debochada e mal humorada.
- Pois então, diz o gerente,
essa é a mãe daqueles meninos que você atendeu mal ontem à noite.
- Atendi mal?
A mãe pula no meio com
voz alterada
- AAhh, agora se faz de
desentendido! Meus filhos me disseram que você foi um ‘pé no saco’, e por causa
de você eles não querem mais saber de pizza!
- Dona mãe, a senhora
está equivocada, o que aconteceu ontem à noite é que seus filhos não estavam
com fome, logo, não quiseram comer nada.
O gerente
- Ora essa, garçom, se
isso é maneira de falar com uma cliente?
- Mas é verdade, e...
Descontrolada, a mãe
replica
- O senhor está dizendo
que meus filhos são incapazes de comer pizza? Que mentiram para mim? O que o
senhor está tentando me dizer, sr. garçom?
- Veja bem, ontem à
noite, assim que entraram e se sentaram, ofereci-lhes três fatias de diferentes
sabores, mas eles disseram que não estavam com fome e queriam apenas esperar lá
sentados até a hora de você, mãe, vir buscá-los.
O gerente se pronuncia
- Sr. garçom, nós
atendemos crianças e adolescentes há anos, e nunca nos aconteceu deles chegarem
aqui e rejeitarem pizza!
- Mas é o que aconteceu!
Fui simpático, ofereci, eles não quiseram!
A mãe
- Absurdo,
absurdo...tenho que ouvir agora que meus filhos são mentirosos. Deu pra mim.
Vou embora.
Ela se levanta e sai.
Depois de observá-la saindo, o gerente fita o garçom e lhe diz
- Acho que vamos
precisar ter umas conversinhas mais de perto, eu e você.
Nessa história, a culpa
é do garçom que não oferece direito, do gerente que não contrata garçons que saibam
oferecer ou do aluno que FOI PRA PIZZARIA SEM FOME?
Começo a pensar que a
maioria dos casos é simples assim, o aluno, no geral, vai pra escola sem tara
alguma por aprender, como os piás que foram para pizzaria sem fome.
Por que você vai para um
rodízio de pizza se não quer comer pizza? Da mesma maneira, por que vai à
escola se não quer conversar nem aprender algo? “Ah, porque tenho que ir, não é
minha escolha!” Mas já que não tens escolha, dá uma jejuada de outras coisas e
FICA com fome, capaz que ainda acabes gostando do rodízio.
A culpa não é do garçom
se o cliente não quer comer pizza, ele ofereceu todos os sabores e com muita
simpatia!
Não importa ter um approach
comunicativo, uma dinâmica dialógica e focar na construção de conhecimento se o
aluno não quer conversar nem construir nada.
Se o aluno não aprende,
o problema PODE ser o professor, e muitas vezes é, sei disso, mas mesmo se for,
desde quando aprender depende de professor bom?
Conheço os problemas da
escola. Conheço os problemas do professor. Estudo essas tranqueiras há uns 3
anos. Vou começar a focar no problema maior, porém: o aluno vagabundo, a culpa
é dele, é dele sim. Tenho amigos que tiveram professores excelentes e foram
péssimos alunos, outros com professores terríveis e foram ótimos alunos! O
problema é que o aluno, cheio de ‘direitos’, não sabe aprender nem quer
aprender a aprender.
Queridos alunos, não
sejam assim, PELO. AMOR. DE. DEUS. Para o bem da humanidade futura, que está
condenada – ou abençoada – por tê-los como médicos, advogados, engenheiros,
professores, etc., meus possíveis filhos dependem de vocês!!!